terça-feira, 16 de agosto de 2011

PARA FRENTE BRASIL, ESQUEÇA A SELEÇÃO

Bandeiras verde-amarelas, buzinas, ruas com uma decoração que exala patriotismo. Estes são alguns dos elementos que indicam a chegada do evento que une e cega boa parte da população brasileira: a Copa do Mundo. De quatro em quatro anos, o povo, completamente paralisado, deixa-se envolver pela magia do país do futebol e esquece-se do espetáculo circense rotineiramente em cartaz no Congresso Nacional. Enquanto o juiz não anuncia o fim da partida, todos os problemas econômicos, políticos e sociais são deletados das cabeças que temporariamente só tem espaço para gritar “gol”.

Esse ufanismo sazonal com jeitinho brasileiro não é de hoje. Durante o início da década de setenta, a nação encontrava-se eufórica, envolta em uma alegria que só poderia existir em um país tricampeão mundial. Mas, ao passo que o militar Médici estampava frases de alto teor patriota, como “Brasil: ame-o ou deixe-o”, torturava milhares de pessoas. Em uma época de repressão em todo o cenário nacional, a população mostrava-se completamente alheia a todas as mazelas que estavam encravadas em solo pátrio.

Num país em que a fome atinge os miseráveis, a violência ataca sem distinção social e a educação está realmente em um quadro negro, é lamentável que seus cidadãos só vistam a camisa verde-amarela nos anos de Copa. Se podemos nos aliar para torcer, por que não estamos unidos na luta em prol de melhores condições de vida para todo o povo? Na prática, ninguém parte para o ataque exigindo a melhoria da saúde pública ou reclama das inúmeras faltas cometidas pelos governantes.

Perante o caos notável na realidade brasileira, é preciso mais do que vibrar e comemorar quando a seleção faz um gol. É necessário que as pessoas lembrem-se de que são brasileiras mesmo depois que as chuteiras forem guardadas e o estádio estiver vazio. Torcer pelo seu país é mais que balançar a bandeira, é lutar constantemente para que ocorra o desenvolvimento. E se caso algum dia, nós tivermos verdadeiramente amor à pátria, não precisaremos esperar mais quatro anos para sentirmos orgulho dela.

Anny Gabriely
(CALL, 1º e 2º anos, quinta-feira, sala 8)

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