terça-feira, 18 de maio de 2010

A DIGNIDADE DO HOMEM E O TRABALHO

Durante a revolução industrial, o homem trabalhou em condições desumanas. Numa média de 18 horas por dia, sem ao menos sentar ou descansar. Todo o esforço era feito por esses homens para que pudessem sustentar suas famílias e a si próprios, poder viver. Porém eu indago: que vida? Se eles não tinham tempo para o lazer, descanso, família e realizações pessoais, não tinham tempo para viver. O mesmo acontece com muitos trabalhadores da sociedade atual. As pessoas trabalham para viver e vivem para trabalhar.

Afirmar que é o trabalho que dignifica o ser humano é mera ilusão. O homem não é digno apenas porque trabalha, ele é digno, principalmente, pelos valores que tem. Valores esses que são adquiridos através da família, meio em que vive, escolhas pessoais, momentos felizes. Não a partir da dor e humilhação provenientes de um esforço exagerado no trabalho que geralmente chacina o trabalhador.

O trabalho é um meio utilizado pela sociedade para qualificar o indivíduo: apenas aqueles que trabalham são providos de valores e respeito. Essa é uma ideia tão clichê e tão aceita pela população, que as pessoas que não se encontram em atividade, não se sentem parte dessa sociedade.

O trabalho, apesar de tudo, é o único meio justo que temos de conseguir aquelas valiosas notas de papel chamadas dinheiro, que, infelizmente, são essenciais para a estrutura da vida da pessoa. Sem dinheiro não temos como comprar alimento, vestuário e moradia, ou ter acesso a um atendimento médico necessário e de qualidade. Porém o trabalho não se torna justo quando é excessivo e não sobra tempo para o trabalhador ter uma vida privativa saudável, desfrutar de momentos de lazer com a família, poder educar seus filhos, apreciar a natureza e a vida, se conhecer. Trabalhar excessivamente não faz crescer. Muitas vezes essa ação diminui e massacra o ser humano.

As pessoas são escravas do trabalho. Elas vivem em um não querer e necessitar constante, de situações que vêm sendo impostas ao indivíduo por vários séculos. Esses indivíduos não trabalham simplesmente porque gostam, trabalham porque é preciso. E junto com o trabalho caminham a exploração e a falta de tempo para viver e ser feliz. Essa exploração não é suficiente para algumas pessoas questionarem seu direito de viver com dignidade sem humilhação e opressão. Não as culpo. Tudo isso é fruto de um mercado de trabalho exigente e competitivo, e de uma sociedade que cobra do indivíduo a sua presença nesse mercado.

Ana Clara da Silva Maia

(CALL 1º e 2º anos, terça-feira, sala 7)


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